O que você sabe sobre os índios das Américas e suas etnias? E sobre os índios do Brasil?
Quem são eles? De onde vieram e onde vivem hoje? Todos os índios são parentes?
Embora muitos brasileiros tenham algum ancestral indígena, poucos sabem como eles viviam, quem eram e que costumes tinham.
Algumas tribos sobreviveram aos massacres e vivem, em reservados ou próximos à cidades em extrema pobreza. Infelizmente, poucos vivem isolados nas florestas, protegidos da cobiça, humilhação e doenças. Mas você sabia que, nos Estados Unidos há índios milionários?
Entenda hoje um pouco mais sobre os nativos das Américas, especialmente os do Brasil.
Boa leitura!
História dos índios
Os primeiros moradores das Américas e suas Etnias
Estima-se que a população indígena da América Latina é de cerca de 50 milhões, dos quais 24 milhões vivem na Bolívia, Equador, Guatemala, México e Peru. Eles estão também na América do Norte, no Canadá e nos Estados Unidos. Os inuits ou esquimós vivem no círculo polar ártico. A tribo Seminole, dosEstados Unidos, foi a que mais prosperou financeiramente. Como? Investindo em cassinos na região de Kissimmee. Esses índios são proprietários de empreendimentos milionários, na parte setentrional da Flórida. Não há laços genéticos entre esses povos. Cada um tem sua própria identidade e heranças de DNA diferentes.
Entre as principais comunidades indígenas que habitam a América, estão a maia, a quíchua, a mapuche, a aimara e a guarani. A civilização maia cobre um território de meio milhão de quilômetros quadrados que se estende por Belize, El Salvador, Guatemala, Honduras e vários estados mexicanos do sul.
Os índios do Brasil
Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, estimava-se que havia cerca de 6 milhões de índios. Havia em torno de 1.300 línguas indígenas. Atualmente há cerca de 280.000 índios no Brasil. Contando os que vivem em centros urbanos, ultrapassam os 300.000. No total, quase 12% do território nacional, pertence aos índios. Das línguas faladas existem apenas 170. O pior é que cerca de 35% dos 210 povos com culturas diferentes têm menos de 200 pessoas. Triste realidade.
Na época do Descobrimento, os povos indígenas se dividiam em quatro grupos lingüísticos e culturais: os Jês, os Tupis, Aruaque e Caraíbas. Os Tupis ocuparam o litoral e expulsaram para o interior os outros grupos.
A cultura Tupi era muito difundida pelo Brasil e sua língua, a mais falada no tempo de colônia. Até o século 17, o tupi era falado por todo o território nacional, até que foi proibido pelo Marquês de Pombal. Era a língua dos bandeirantes, de Tibiriçá, do cacique Araribóia. Atualmente, os povos de língua Tupi ainda se concentram no litoral brasileiro. Mas, existem Tupis na Amazônia, como os Araweté, no Pará. Os Jês incluem a maioria das sociedades indígenas do cerrado, mas não todas. Também abrangem os timbiras e os caiapós, do norte do país. E são considerados povos aguerridos. Já os Guaranis, habitam os estados do Mato Grosso do Sul e do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul. Se divide em três subgrupos, os caiouá, embiá e nhandeva.
Hoje, as etnias que predominam no Brasil são os Tupis, Guaranis e Jês. Eles não vivem mais isolados, sofrem com o desmatamento, passam necessidade, sofrem com as doenças dos brancos, do desrepeito e a falta uma Educação inclusiva. Será o fim dos índios?
Apesar de haver no calendário um dia especial para ele, o dia 19 de Abril, o índio não tem nada para comemorar.
Organização e sobrevivência dos índios brasileiros
Os índios brasileiros sobrevivem utilizando os recursos naturais oferecidos pelo meio ambiente com a ajuda de processos rudimentares.
Como assim? O que eles fazem?
Eles sobrevivem:
caçando,
plantando,
pescando,
coletando e
produzindo os instrumentos necessários a estas atividades.
Qual é o significado da terra para o índio?
A terra é mãe, progenitora. É dela que cada um tira seu próprio sustento. A terra pertence a todos os membros do grupo.
Como é a divisão de tarefas entre homens e mulheres?
As mulheres, em geral, são responsáveis:
pela casa,
pelas crianças e
pelas roças.
Já o homem, tem como tarefas:
a defesa,
a caça (que pode ser individual ou coletiva) e
a colheita de alimentos na floresta.
Além disso, existe uma divisão de tarefa por idade e por sexo.
Os mais velhos – homens e mulheres – adquirem grande respeito da parte de todos. A experiência conseguida pelos anos de vida transforma-os em símbolos de tradições da tribo.
O pajé é uma espécie de curandeiro e conselheiro espiritual.
O chefe da tribo
Os índios vivem em aldeias e, muitas vezes, são comandados por chefes, que são chamados de cacique, tuxánas ou morubixabas. A transmissão da chefia pode ser hereditária (de pai para filho) ou não. Os chefes tem como dever conduzir a aldeia nas mudanças na guerra, manter a tradição, determinar as atividades diárias e responsabilizar-se pelo contato com outras aldeias ou com os civilizados. Muitas vezes ele é assessorado por um conselho de homens que o auxiliam em suas decisões.
Alimento – pesca
Além de um conhecimento profundo da vida e dos hábitos dos animais, os índios possuem técnicas que variam de povo para povo. Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis. Há também armadilhas para pesca, como o pari dos teneteharas – um cesto fundo com uma abertura pela qual o peixe entra atrás da isca, mas não consegue sair. A maioria dos índios no Brasil pratica agricultura.
Cultura indígena
O esforço das autoridades ainda não é sufiente para manter a diversidade cultural entre os índios, embora isso possa evitar o desaparecimento de muita coisa interessante. Um quarto de todas as drogas prescritas pela medicina ocidental vem das plantas das florestas, e três quartos foram colhidos a partir de informações de povos indígenas.
Na área da educação, a língua tucana, apesar do pequeno número de palavras, é comparada por lingüistas como a língua grega, por sua riqueza estrutural – possui, por exemplo, doze formas diferentes de conjugar o verbo no passado.
Ritos e mitos
No Brasil, muitas tribos praticam ritos que marcam a passagem de um grupo ou indivíduo de uma situação para outra. Estes ritos:
se ligam a gestação e ao nascimento,
à iniciação na vida adulta,
ao casamento,
à morte e
a outras situações.
Os índios acreditam em Deus?
Poucos povos acreditam na existência de um ser superior (supremo), a maioria acredita em heróis místicos, muitas vezes em dois gêmeos, responsáveis pela criação de animais, plantas e costumes. Também há uma infinidade de lendas indígenas explicando tudo que existe na natureza.
Pode-se conhecer parte da cultura de uma comunidade através da história vivida ou de suas lendas contadas de geração em geração. Algumas lendas indígenas mostram a transformação de um ser em algo que não existia na época em que vivem, assim como a interpretação de mundo, ou surgimento de elementos fundamentais que compõem a sua natureza.
Há muitas lendas indígemas famosas, por exemplo: Yara a rainha das águas, Mandioca – O pão do índio, Guaraná – a essência dos frutos, Vitoria Régea, O Boto e muitas outras.
A arte se mistura a vida cotidiana. A pintura corporal, por exemplo, é um meio de distinguir os grupos em que uma sociedade indígena se divide, como pode ser utilizada como enfeite.
Mas de onde os índios extraem suas tintas e adereços?
Os índios são muito criativos:
A tinta vermelha é extraída do urucum,
a azul, quase negro, do jenipapo,
a cor branca vem do calcário.
Os trabalhos feitos com:
penas,
plumas de pássaros,
dentes de animais,
folhas e palhas,
cabaças e
madeira.
Só alguns índios realizam trabalhos em madeira. A pintura e o desenho indígena estão sempre ligados à cerâmica e à cestaria. Os cestos são comuns em todas as tribos, variando a forma e o tipo de palha de que são feitos. Geralmente, os índios associam a música instrumental ao canto e à dança.
Assista ao vídeo e aprenda mais sobre a cultura e arte indígena.
“Indios Kariri Xoco – Brasil” (8:21)
Brincadeiras e socialização das crianças indígenas
Você sabia que vários dos jogos e brincadeiras que conhecemos tem oigem indígena?
É verdade. E não é só brincadeira de arco e flecha não. Entre elas estão brincar de:
jogar pião,
dança das cadeiras,
perna de pau,
jogar varetas,
jogo da velha e
fazer barulhos com dobraduras com palha, mato e folhas.
Assista ao vídeo e veja algumas outras brincadeiras indígenas que conhecemos hoje:
“Origem: Jogos indígenas do Brasil” (2:25)
Você gostaria de saber mais sobre jogos em grupos imitando animais? Então clique aqui.
Terras indígenas no Brasil
A situação das terras indígenas
A situação das terras indígenas no Brasil é crítica. Infelizmente, nem todas foram reconhecidas e demarcadas.
A área das terras indígenas já demarcadas é equivalente aos territórios da França e da Grã-Bretanha somados. Nelas vivem cerca de 500 mil índios, do total de 730 mil que habitam o Brasil. Os outros 230 mil índios vivem nas cidades. Na maior metrópole do país, São Paulo, existe a terra Guarani Aldeia Jaraguá, com apenas dois hectares de extensão.
A Amazônia abriga 60% da população indígena do Brasil. A maior parte das terras indígenas, ou 98,61% delas, concentra-se na Amazônia Legal: são 417 áreas, 108.081.442 hectares, representando 20,67% do território amazônico. Destas reservas, 76% das áreas têm reconhecimento legal em diversos graus (terras delimitadas, homologadas ou registradas).
O que sobra, ou 1,39% das terras indígenas, está espalhado pelas regiões Nordeste, Sudeste, Sul e Estado do Mato Grosso do Sul. Essa concentração na Amazônia se relaciona com a forma de ocupação do Brasil pelos portugueses, desde 1500, que se concentrou no litoral do país. Nesta faixa aconteceram os confrontos mais violentos com os índios. Isso causou diminuição da população indígena e a desocupação de suas terras, que acabaram como propriedade privada.
Terras indígenas invadidas
Mesmo com a demarcação e homologação das terras indígenas, 85% das áreas são alvo de invasão (Funai em 2000). Muitas dessas invasões acabam em violência.
Mas por que as terras indígenas são invadidas?
Alguns dos motivos que levam a invasão de terras são:
a exploração ilegal de madeira,
o interesse por minérios, entre eles o ouro,
a ganância dos fazendeiros que querem plantar mais de arroz
a exploração mobiliária
O primeiro caso ocorreu com os índios Xikrin do Catete, vizinhos da mineradora Vale no Pará, e que tiveram suas terras invadidas em meados de 1980 por madeireiros, atrás de mogno, a madeira comercial mais cara.
O segundo, com os índios Cinta Larga, da reserva Roosevelt, em Rondônia, onde há uma grande quantidade de diamantes. Em abril de 2004, eles mataram 29 garimpeiros que exploravam a pedra preciosa Iegalmente em suas terras. Novos conflitos entre os Cinta Larga e os garimpeiros são iminentes e preocupam o governo de Rondônia. Há homens da Polícia Federal na reserva. Além disso, a mineração, principalmente de ouro, tem levado à invasão das terras Yanomamis, desde 1987.
Se você quiser saber mais detalhes sobre essas invasões, consulte os sites indicados para pesquisa no final deste artigo.
O dono da terra
Quem é o dono da terra? Os primeiros habitantes dela ou quem chegou depois e a invadiu, matou, violentou, roubou, destriu tudo que cruzou seu caminho?
De quanta terra precisa um homem?
O que restará quando o homem tiver dominado toda a terra que sua ganância necessita?
A carta mais famosa que um índio escreveu resume o que a ganância do branco por mais terras e seu desrespeito à natureza levará.
“O homem branco (…) trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.”
“O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra. Há uma ligação em tudo.”
“Isto sabemos:
a terra não pertence ao homem;
o homem pertence à terra.”
Leia a carta na íntegra e entende a sabedoria indígena: 1854 – Carta resposta do chefe Seattle ao presidente dos Estados Unidos ou assista ao vídeo abaixo:
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