Era um dia de trabalho como todos os outros. Luciana Tamburini cumpria seu dever como funcionária do Departamento de Trânsito (DETRAN), preservando pela lei e a ordem nas ruas do Rio de Janeiro. Ela trabalhava na Operação da Lei Seca quando ousou parar um cidadão que dirigia um carro sem placa e não portava sua carteira de motorista. Irritado por ser parado, o „homem da lei“ desceu do carro e reclamou com „a mulher da lei“. Parece que certas pessoas não conhecem seu lugar.
Bem, quem não conhece seu lugar?
O juiz sentiu-se ofendido ao ouvir dela que esta só cumpria a lei e que „juiz não é Deus“. Em seguida, deu voz de prisão à funcionária da Blitz por desacato e chamou dois policiais que a algemassem.
Sentindo-se humilhada no cumprimento de seu dever, a agente processou João Carlos por danos morais, alegando que ele queria receber tratamento diferenciado em função do cargo. O caso foi julgado e foi aí que o inacreditável aconteceu: a justiça brasileira condenou a funcionária do DETRAN a pagar R$ 5 mil ao magistrado.
Pára tudo! Luciana Tamburini deve ter pensado que estava no filme errado.
A tv, os jornais e as redes sociais noticiavam o ocorrido e o povo pensava que era piada, mas era a triste realidade de um país onde a lei não é igual para todos.
Antigamente se engolia a seco notícias como esta, mas agora o povo protesta, luta contra esse tipo de desigualdade e exige seus direitos. O povo está cansado de suportar esse tipo de delírio das elites!
Uma campanha foi criada nas redes sociais a fim de arrecadar dinheiro para que Luciana Tamburini pudesse pagar ao juiz. A vaquinha virtual demostra o repúdio da sociedade contra as „segueiras da justiça“, arrecadando até este domingo (09/11/2014) R$ 23.800 mil. Assim, o caso teve maior repercussão, chamando a atenção das autoridades competentes para este tipo de casos envolvendo os „intocáveis“.
Embora um procedimento contra o juiz tenha sido instaurado na corregedoria para apurar esta e outras denúncias, o juiz continua tendo razão.
A agente Luciana apelou da decisão em segunda instância, mas a 14ª Câmara Cível considerou a ação improcedente e entendeu o processo em favor do magistrado, determinando o pagamento indenizatório e afirmando que „a acusação desafiou a própria magistratura em tudo que ela representa para a sociedade“.
Agora é a Corregedoria Nacional que analizará o caso e decidirá se o juiz abusou de seu poder ou não.
Esta não foi a primeira vez que o juiz João Carlos de Souza Correa, da 1ª Vara de Búzios (Rio de Janeiro), gera polêmica. Leia mais a respeito aqui.
Vivemos outros tempos e num Brasil democrático, por isso, a sociedade espera que um juiz dê o exemplo, seja discreto e aja com sabedoria, defendendo a lei e os direitos de todos os cidadãos.
Entenda esta novela desde o começo, ouvindo a esta notícia no rádio:
Lei Seca para deuses do judiciário
Agora assista aos vídeos selecionados sobre esta novela:
V-Brasil: Agente da Lei Seca parou motorista no RJ que dirigia carro sem placas (3:05)
TV-Globo: Depoimento que a agente do Detran (1:37)
TV-Brasil „Corregedoria Nacional de Justiça decide reabrir processo contra juiz João Carlos de Souza Corrêa“ (0:34)
Rede Record: Domingo Espetacular 09/11/2014 (9:05)
Resumo completo com entrevista de Luciana – Veja aqui!
Quer ler mais sobre esta novela? Pois boa leitura 😉
- ‚Vaquinha virtual‘ (A DIVINA VAQUINHA) para agente de trânsito condenada atinge valor da multa em um dia (04.11.2014)
- Corregedoria abre procedimento contra juiz da 1ª Vara de Búzios (04.11.2014)
- Juiz que mandou prender agente teve carteira apreendida em blitz da Lei Seca (05.11.2014)
- Indignação e solidariedade para agente indenizar juiz (05.11.2014)
- Veja aqui a página de Facebook „Eu apoio Luciana Tamburini“ (06.11.2014)
- Carreira de juiz da Lei Seca é marcada por polêmicas (07.11.2014)
- ‘Mexeu com um juiz, mexeu com todos’, diz antropólogo Roberto da Matta sobre decisão contra agente de trânsito (08.11.2014)