Abertura das Olimpíadas Rio2016 & „A Flor e a Náusea“ de Carlos Drummond

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Por: M. Fábia P. V. Willems

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A Abertura das Olimpíadas Rio2016 foi tecnologicamente pomposa, cheia de ritmo, luzes e cores, mostrando também preocupação ambiental e alguns versos emocionantes de „A Flor e a Náusea“ do grande poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade.

Os organizadores do grande show gastaram o dinheiro que não tinhamarl, mas tentaram investir cada centavo para mostrar um Brasil pós-moderno, jovem,  livres de preconceitos racionais ou musicais e que, apesar da grande crise assoladora, continua acreditando no futuro.

Com as emoções à flor da pele,  os sentimentos dos brasileiros divergem entre si: uns são só elogios, outros só repulsa. Há quem tenha adorado a apresentação, mas também quem a considere ridícula. Tudo ostentação? Seja qual for a sua opinião a respeito, consideremos só esta última palavra: Respeito. Tenhamos respeito pelos atletas, amigos e familiares que são fãs do evento!

O ódio está dizimando o que existe de melhor dentro de nós! Por isso, assim  como a flor no poema de Drummond, o amor precisa voltar a brotar dentro de nós.

Segue o poema na íntegra para não nos esqueçamos quem somos, desta vez recitado por um grande ator: Carlos Vereza.

Emocione-se você também!

 

Vídeo: Vimeo.com

 

A flor e a náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Carlos Drummond de Andrade,
Publicado em „A Rosa do Povo“ (1945)

 

 

Nossas dicas de hoje:

 

Leia a Biografias de Carlos Drummond de Andrade

Nome:
Carlos Drummond
de Andrade

Nascimento:
31/10/1902

Natural:
Itabira – MG

Morte:
17/08/1987

 

Leia, veja, ouça & emocione-se com…

 

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  • Offizielle Homepage – Olympische Sommerspiele Rio-2016 in PT (Portugiesisch); EN (Englisch); ES (Spanisch); FR (Französisch)

 

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