Olá, queridas e queridos! Tudo bem?
No Dia Internacional da Poesia vou apresentar para vocês Cora Coralina. Já ouviu falar dela? Uma mulher de fibra que mudou sua história e se tornou uma das escritoras mais importantes do Brasil.
Fiquem ligados!
Quem foi Cora Coralina?
Cora Coralina é a grande poetisa. Ela nasceu no estado de Goiás em 20 de agosto de 1889 e se tornou um dos maiores nomes da Literatura Brasileira.
O verdadeiro nome desta mulher de coragem, irreverência e eterno otimismo era, na verdade, Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas. Começou a escrever poesias aos 14 anos, criando com amigas o jornal de poemas femininos “A Rosa”.
Em 1910, já com o pseudônimo de Cora Coralina, foi publicado seu primeiro conto, “Tragédia na Roça”, no “Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás”.
Enfrentou todos os obstáculos em nome do amor. Em 1911, fogiu de casa para casar com um homem divorciado (o advogado Cantídio Tolentino Brêtas), porque sua família não aceitava o amor dos dois. Foi em Jaboticabal (SP), onde nascem seus filhos.
Acreditam que ela foi proibida pelo marido de integrar-se à Semana de Arte Moderna em 1922? O convite partiu de Monteiro Lobato. Imaginem! Em 1928, nossa poetisa mudou-se para São Paulo.
Em 1934, tornou-se vendedora de livros da editora José Olimpio, onde, em 1965, lançou seu primeiro livro, “O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais”.
Em 1976, é lançado “Meu Livro de Cordel”, pela editora Cultura Goiana.
E sabem quem escreveu uma carta para ela, elogiando seu trabalho? Carlos Drummond de Andrade! Pasmem! A carta foi divulgada, aumentando o interesse do público leitor e, logo depois, começou ficar conhecida em todo o Brasil.
Sintam a admiração do poeta, manifestada em carta dirigida a Cora em 1983:
“Minha querida amiga Cora Coralina: Seu “Vintém de Cobre” é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia ( …).” |
Editado pela Universidade Federal de Goiás, em 1983, seu novo livro “Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha”, é muito bem recebido pela crítica e pelos amantes da poesia.
Cora Coralina tornou-se, em 1984, a primeira mulher a receber o Prêmio Juca Pato, como intelectual do ano de 1983.
Aos 70 anos, passando dificuldades financeira, dedicou-se à venda de doces, “os melhores do Brasil”, segundo ela.
A linda poesia de Cora é marcada pelo otimismo, pela solidariedade, pela amizade e pelo amor a vida e a terra, tendo feito grandes homenagens ao Estado onde nasceu. Seguiu fazendo seus doces e seus versos até os últimos dias de sua vida. Faleceu aos 95 anos, deixando-nos melodia de seu cântico na música de seus versos”.
Viveu 96 anos, teve seis filhos, quinze netos e 19 bisnetos, foi doceira e membro efetivo de diversas entidades culturais, tendo recebido o título de doutora “Honoris Causa” pela Universidade Federal de Goiás.
No dia 10 de abril de 1985, Aninha faleceu em Goiânia. Seu corpo foi velado na Igreja do Rosário, ao lado da Casa Velha da Ponte.
Em 1988 foi lançado “Estórias da Casa Velha da Ponte” pela Global Editora. Postumamente, foram lançados também os livros infantis “Os Meninos Verdes” (em 1986) e “A Moeda de Ouro que um Pato Comeu” (em 1997) e “O Tesouro da Casa Velha da Ponte” (em 1989).
Conhecendo melhor Cora Coralina (Vida & Obra)
Assistam agora 3 lindas reportagens sobre a autora, depois façam uma visita virtual ao Museu Cora Coralina e finalizem lendo alguns dos seus mais belos poemas.
Resumindo:
- A história de Cora Coralina (Entrevista com a autora) – Vídeo 1
- Reportagem Especial: „Toma lá Dá Cá“, de 2 partes – Vídeos 2 e 3
- Visita virtual ao Museu Cora Coralina – Vídeo 4
- Lindos poemas de Cora Coralina
Vídeo 1
A história de Cora Coralina (Entrevista com a autora)
Cora Coralina e Gyn Teen.avi (6:53)
Vídeo 2
Reportagem Especial (mais longa) – Parte 1
Cora Coralina (1/2) – De Lá Pra Cá – 21/09/2009 – TV Brasil (17:32)
Vídeo 3
Reportagem Especial (mais longa) – Parte 2
Cora Coralina (2/2) – De Lá Pra Cá – 21/09/2009 – TV Brasil (17:43)
Vídeo 4
Visita Virtual ao Museu Cora Coralina
Aluns dos mais belos poemas de Cora Coralina
Poema „Minha cidade“
Créditos: Cora Coralina – Tópico
Poema „Não sei“
Poema“Via poética“
Via Poética – Cora Coralina – Recitado por Ronny Von
Poema “O Cântigo da Terra”
Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.
E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.
O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?
Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
“A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar.”
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.
Mascarados
Saiu o Semeador a semear
Semeou o dia todo
e a noite o apanhou ainda
com as mãos cheias de sementes.
Ele semeava tranqüilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam.
Jovem, seja você esse semeador
Semeia com otimismo
Semeia com idealismo
as sementes vivas
da Paz e da Justiça.
Humildade
Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.”
Meu Destino
Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…
Poema de amor
Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu…
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu…
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo…
eu te amo, perdoa-me, eu te amo…
¹Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas
* Cidade de Goiás, GO – 20 de Agosto de 1889 d.C
+ Goiânia, GO. – 10 de Abril de 1985 d.C
Frases de Cora Coralina
“Se temos de esperar,
que seja para colher a semente boa
que lançamos hoje no solo da vida.
Se for para semear,
então que seja para produzir
milhões de sorrisos,
de solidariedade e amizade.”
Diga o que você pensa com esperança.
Pense no que você faz com fé.
Faça o que você deve fazer com amor!
“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.”
“Não podemos acrescentar dias à nossa vida, mas podemos acrescentar vida aos nossos dias ”
“Estamos todos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo “
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
“O saber a gente aprende com os mestres e com os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes.”
“Lindo demais! Coração é terra que ninguém vê.”
“Acredito nos jovens à procura de caminhos novos abrindo espaços largos na vida. Creio na superação das incertezas deste fim de século.”
“Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos.”
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Desvende a terra de Cora Coralina!