Recontando o contado – Me contaram que…
(Das Erzählte wiedererzählt – Man hat mir erzählt, dass…)
Uma colega de curso de alemão me contou que um conhecido dela, também da Rússia, havia passado o maior mico numa farmácia quando chegou à Alemanha. A história do russo nos agradou tanto que passamos um tempão contando „causos“ engraçados que também tinha acontecido conosco. Rimos muito e decidimos estudar alemão ainda mais para evitar foras do tipo no futuro. Vou recontar o „causo pro cês“.
Relembrando, esta é uma história real de um russo, recém-chegado à Alemanha, cujo curso de alemão tinha acabado começar. Um tema ele já sabia bem: os cumpimentos. „Guten Morgen“ era bom dia. „Guten Tag“ era boa tarde“, „Guten Abend“ era boa noite e „Gute Nacht“ era boa noite também, que se dizia só quando se ia dormir. Fora isso sabia coisas simples, como o que era hoje (heute) e amanhã (morgen).
Ele fica doente e tenta comprar seu remédio numa farmácia na Alemanha, mas dá uma tremenda confusão por causa do „Morgen“. A intenção aqui é somente recontar o que me foi contato e não ridicularizar o russo, afinal, mal-entendidos como este podem acontecer com qualquer um de nós. Basta estar num outro país e não dominar o idioma local.
Boa leitura!
Me contaram que o russo não estava muito bem. Vai ao médico. O doutor manda-o comprar o remédio que deve curar seus males. De receita na mão e esperança nos conhecimentos do senhor alemão se vai.
Primeira parada: a farmácia.
Na Alemanha, sempre há uma Apotheke (farmárcia) perto de um consultório médico. Normalmente, você encontra o medicamento procurado lá. Vale a dica: Se você vai ao neurologista e quer comprar seu remédio na farmácia perto do seu trabalho, compre, mas corre o risco de ter que encomendar o medicamento primeiro, principalmente se nas proximidades houver um consultório de ginecologistas e nenhum neurologista. No dia seguinte, é certeza encontrá-lo então. Por que isso? É que as farmácias focam mais nos remédios recomendados pelos especialistas das proximidades.
Bem, voltando ao russo.
Após ativar seus neurônios sadios ele entra na farmácia e tenta formar uma frase em alemão, mas só sai russomão. O farmacêutico estende a mão. Receita recebida. Leitura calma. Digitado o nome no computador. Resultado: Zero! E assim continua a conversa:
– Wir müssen das Medikament bestellen!
– Bestellen.
– Morgen können Sie es abholen.
– Morgen?
– Morgen.
– Morgen.
– Auf wiedersehen. Bis morgen!
– Morgen.
Na manhã seguinte…
O russo, olhos caídos e corpo curvado, entra na farmácia. O farmacêutico educado:
– Morgen!
O russo:
Morgen…
E saí da farmácia.
O farmacêutico reclama para as paredes. O que foi isso?
No segundo dia:
Lá vem o russo novamente. Abre a porta da farmácia devagar, usando da força que restara em seus braços cansados. Sorriso pálido e tímido.
O farmaceutico, como sempre educado, diz:
– Morgen!
– Morgen. Ja. Ja.
E se vai novamente. O farmaceutico, pasmo, olhos estufados, cara pálida, resmunga:
– Was war das nochmal?
No terceiro dia, o farmaceutico ativou seus neurônios também.
O russo chega, face caída, cambaliando, quase sem cor e sem a possibilidade de ter neurônios ativados.
O farmacêutico não diz mais nada. Sorri levemente. Busca o remédio. Entrega-lhe somente a nota fiscal.
Remédio pago.
E, em posse de seu tão esperado remedinho, segue para casa aliviado.
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Esclarecimentos para aqueles que não entenderam o conto:
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